Em sua 1ª Olimpíada, Juliana Vieira mira passar da fase de grupos e 'curtir momento'
Badiste pretende levar 'ousadia, alegria e energia" do brasileiro em quadra em Paris
Faltando pouquíssimo tempo para a abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, na França, pela primeira vez na história, o Time Brasil será composto por mais mulheres do que homens em uma edição do prestigiado megaevento esportivo. A delegação feminina terá 153 atletas, número que representa 55% do total do grupo.
O badminton, esporte de raquete mais rápido do mundo e uma das modalidades mais inclusivas que já tive o prazer de conhecer, auxiliou o Brasil nesta marca histórica, pois a jovem Juliana Viana Vieira, de 19 anos, entrará em quadra na “Cidade Luz” para representar a nação sul-americana na simples feminina.
O ambiente olímpico em Paris é uma novidade para a badiste, pois participará pela primeira vez de uma Olimpíada, ao contrário do extrovertido e alegre Ygor Coelho, que vai para sua terceira aparição. A Juliana ainda pode não ser tão conhecida entre os torcedores que descobriram há pouco o mágico mundo do badminton, mas os entusiastas da modalidade sabem do gigantesco potencial da atleta do Club Athletico Paulistano (CAP).
O público verá na Arena Porte de La Chapelle, também conhecida como Adidas Arena, uma jogadora que se classificou para as Olimpíadas na 25ª colocação da “Corrida para Paris” e na 47ª (agora 50ª) posição do ranking da Federação Mundial de Badminton (BWF), superando as antecessoras Lohaynny Vicente (38ª/Rio-2016) e Fabiana da Silva (37ª/Tóquio-2020). Além disso, a piauiense desembarcou na França com o status de primeira brasileira a ganhar uma partida individual no Mundial da modalidade, em 2023.
Em Paris, a campeã dos Jogos Sul-Americanos e medalhista de bronze dos Jogos Pan-Americanos caiu no grupo D, ao lado da tailandesa Supanida Katethong (16ª), principal favorita para avançar de fase, e da honconguesa Lo Sin Yan Happy (47ª), duas oponentes que Juliana nunca enfrentou na carreira, apesar de ter experiência em batalhas contra asiáticas. Vale mencionar que apenas a líder da chave se classifica para as oitavas de final do evento.
Por ser uma competição de altíssimo nível, a pressão por bons resultados em quadra é alta, tanto pelos torcedores que desejam ver o Brasil ir mais longe quanto pelo próprio atleta, que não deseja chegar em Paris e parar na fase de grupos. Os pensamentos em realizar desempenhos satisfatórios, que são naturais, e sair com vitórias estão vivos, mas Juliana também busca priorizar a parte do “curtir o momento”, igualmente tão importante.
Após ter treinado com a campeã mundial e olímpica Carolina Marín, a brasileira já entrou na Adidas Arena para sentir a atmosfera do palco principal do badminton nas Olimpíadas, está devidamente credenciada e viu de perto a belíssima peteca que será usada nos confrontos. Vivenciando esse momento mágico, Juliana mencionou a alegria de representar a nação em uma oportunidade tão cristalina.
“Eu estou muito feliz. Vestir a camisa do Brasil, entrar na quadra e representar um país é algo muito especial para mim, vai ser um momento muito memorável na minha carreira. Estou focada em fazer meu melhor e o que posso, além de levar a ousadia, a alegria e a energia do brasileiro em quadra, aí sim estarei representando muito bem toda a população brasileira”, analisou Juliana em entrevista ao A Peteca.
A badiste acrescentou que se inspira na tailandesa Ratchanok Intanon e na taiwanesa Tai Tzu-ying que, curiosamente, caíram no mesmo grupo dos Jogos Olímpicos. O mais engraçado de tudo isso é que a Juliana respondeu as minhas perguntas antes do sorteio das chaves.
Seguindo sua linha de raciocínio sobre as jogadoras que admira, a brasileira ainda disse ser “louca” a experiência de frequentar o mesmo ambiente de atletas do nível delas e expressou o desejo de enfrentar ao menos uma das asiáticas nas oitavas ou quartas de final. No entanto, Juliana só poderá encarar Intanon ou Tai em uma possível semifinal.
Para realizar esse sonho pessoal, a badiste precisará passar primeiramente pela fase de grupos, que é seu grande objetivo para essa Olimpíada, e ganhar na sequência de Akane Yamaguchi e An Se-young, duas oponentes que estão no caminho de Juliana e que sempre figuram no alto do ranking mundial. Em razão de ser uma experiência inédita em sua carreira, a piauiense colocou os pés no chão e deixou para as edições de 2028 e 2032 a possibilidade de lutar por medalhas de forma mais eficaz.
“É a minha primeira Olimpíada, então estou com os pés no chão por não saber como vou reagir neste campeonato de grande porte. O meu objetivo é, com certeza, passar da fase de grupo, já sobre a medalha, eu acho que será para 2028 ou 2032 que vou fazer o meu melhor para tentar conquistá-las. Uma das minhas expectativas é também jogar com grandes atletas e colher o máximo de experiência e de aprendizado que conseguir”, avaliou.
Por fim, Juliana deu um parâmetro geral em relação ao cenário nacional. na sua opinião, o Brasil evoluiu bastante nos últimos anos dentro da modalidade, mas alertou que o país necessita “viver mais do badminton”.
“De pouco em pouco estamos crescendo e ganhando espaço no mundo do badminton, mas sempre tem uma margem para melhorar. O país precisa ter mais escolas, cursos, intercâmbios, incentivos e trocas de conhecimentos”, analisou a jovem.
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